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Em comemoração aos 130 anos de Jalles Machado de Siqueira, o Instituto Histórico e Geográfico de Goiás (IHGG) trouxe ao público a exposição "Trajetória: 130 anos de Jalles Machado". Essa mostra revelou as muitas faces de um homem visionário, que como engenheiro, empreendedor e político, deixou uma marca profunda na história de Goiás.

Devido à grande importância de seu legado, a exposição, que antes ocupava um espaço perene no IHGG, agora está disponível on-line. Essa transição permite que mais pessoas possam explorar a trajetória inspiradora de Jalles Machado, desde suas inovações no campo da engenharia até sua atuação política transformadora, onde suas ideias ajudaram a moldar o futuro de Goiás.

Mergulhe nessa jornada virtual e descubra as conquistas de um dos maiores líderes de nosso estado.

1894

Jalles Machado de Siqueira nasceu em 14 de abril de 1894, em São ​Joaquim da Serra Negra, então distrito de Alfenas, e atual município ​de Alterosa, em Minas Gerais. Filho de José Francisco de Siqueira e ​Ana Cândida Alves, dedicou-se, durante a infância e parte da ​adolescência, ao trabalho na roça. Jalles e seus irmãos, foram criados ​em meio à uma família empreendedora.

1917

Depois de concluir sua formação no Lyceu de Muzambinho/MG, ​iniciou o curso de Agrimensura na prestigiada Escola Politécnica de ​São Paulo, o qual finalizou em 1917. Em sequência, foi aprovado para ​cursar Engenharia Civil na mesma Escola, hoje integrante da ​Universidade de São Paulo (USP).

1920

Graduou-se em 1920, aos 25 anos. Iniciava, assim, sua vida ​profissional.

 

Esse momento, também foi marcante para sua vida pessoal. Logo ​após a graduação, casou-se com Beatriz Lage Siqueira e mudou-se ​para o Triângulo Mineiro, antes de estabelecer-se em Buriti Alegre, ​Goiás. Era o começo de uma vivência ímpar. A partir daí, a história do ​homem e do Estado que o acolheu se misturam. Trabalho árduo, ​projetos e ideias visionárias marcaram a trajetória de Jalles Machado e ​influenciaram o desenvolvimento, não só de Goiás, mas de todo o ​país.

1921

Atento ao desenvolvimento das regiões do país e às ​possibilidades que elas ofereciam, deixou São Paulo em ​direção a Monte Carmelo (MG), onde trabalhou como ​engenheiro e iniciou sua atuação como empresário, ​fundando uma cerealista de beneficiamento de arroz. ​Pouco tempo depois, ainda nos primeiros anos da ​década de 1920, avistou possibilidades em Goiás, onde ​passou a viver, instalando-se em Buriti Alegre.

1928

As realizações, o prestígio social e as relações pessoais alcançadas ​em Buriti de Goiás e região levaram ao ingresso de Jalles ​Machado na vida pública e na política. Em 1928, foi eleito ​Intendente de Buriti Alegre pela legenda do Partido Libertador de ​Goiás. Foi o primeiro passo de uma atuação política e ​administrativa de destaque.

1929

Integrante da “República de Morrinhos”, formada pelas principais ​lideranças políticas da região sul de Goiás, Jalles assumiu, em 1929, a ​Secretaria Estadual de Obras Públicas. O trabalho à frente da ​Secretaria foi abrangente, incluindo propostas para as diferentes as ​áreas que a compunham, tais como: Pecuária, Agricultura, Comércio, ​Indústria, Obras Públicas, Viação, Iluminação, Água, Esgoto, entre ​outros. No ano seguinte, ao deixar o cargo, voltou ao interior de Minas ​Gerais, onde se tornou Secretário da Aliança Liberal.

1930

O final da década de 1920 e início da década ​de 1930 foi um período caracterizado por ​um cenário político conturbado. No Brasil, as ​disputas pela Presidência da República ​culminaram na Revolução de 1930, onde ​Jalles atuou como Comandante do Batalhão ​Revolucionário de Tupaciguara (MG).

 

Entre 1930 e 1931, foi Diretor da Estrada de Ferro Goiás.

1933

A experiência em Buriti foi fundamental para seu crescimento ​profissional. Na região, projetou e construiu importantes obras e ​usinas hidrelétricas, demarcou terras, abriu plantações e instalou ​máquinas de beneficiamento de café, algodão e arroz. Utilizou-se de iniciativa própria e de parcerias com investidores para realização de ​grandes feitos, como a usina Minerva, em sua propriedade (Buriti ​Alegre/GO), a usina hidrelétrica de Tupaciguara/MG e outra no rio ​Santa Maria, que passou a abastecer Buriti Alegre e Santa Rita do ​Parnaíba, hoje Itumbiara/GO. Nesse contexto, foi fundador da ​Empresa de Força e Luz Minerva, que dirigiu entre 1931 e 1933.

 

Em Goiás, Jalles assumiu muitos papéis. Em suas palavras, além de ​engenheiro, passou a ser operário, cumprindo múltiplas funções em ​seus projetos, tendo em vista a carência de mão-de-obra local. Ainda ​que se referisse à suas obras, certamente, Jalles tornou-se um ​operário em Goiás, um operário a serviço da modernização e do ​desenvolvimento.

1934

Os anos de 1930 foram marcados pela ampliação da atuação política ​de Jalles. Pela primeira vez, concorreu a um cargo de projeção ​nacional. Descontente com a situação política do Estado, participou da ​criação do Partido Libertador Goiano, pelo qual concorreu à eleição ​Constituinte de 1934, ficando como primeiro suplente para ocupar a ​Câmara Federal.

1937

A participação política de Jalles Machado, em âmbito regional e ​nacional foi interrompida pelo regime de exceção imposto pela ​implantação do Estado Novo, em 10 de novembro de 1937. Assim, ​Jalles retirou-se, momentaneamente, da vida política, voltando a atuar ​como engenheiro civil no Triângulo Mineiro e no interior de Goiás. ​Entretanto, foi um momento chave para a ampliação de sua atuação ​em diferentes regiões do Estado, como o Vale do São Patrício goiano.

 

Ainda no início da década de 1930, após uma visita à região de ​Jaraguá, Jalles Machado adquiriu a Fazenda Itajá, cujas terras ​originaram, em parte, o território do município de Goianésia. Era o ​começo de uma história de sucesso, pautada pela produção ​agropecuária, que contribuiu e contribui, sobremaneira, para o ​desenvolvimento da região. A criação de gado e a produção de café e ​arroz, rapidamente, impulsionaram o crescimento econômico ​goianesiense.

1946

Estabelecido e reconhecido como empresário e empreendedor, em ​1945, com o fim do Estado Novo, Jalles reassumiu o papel político de ​liderança ao fundar e presidir a União Democrática Nacional (UDN) ​em Goiás, e ser eleito Deputado Federal, membro da Assembleia ​Nacional Constituinte, iniciada no ano seguinte. Com discursos ​contundentes e uma postura atuante tornou-se o grande ​representante da oposição goiana na Constituinte de 1946.

 

Na ​tribuna, a política econômica intervencionista do governo Vargas e o ​ex-interventor de Goiás, Pedro Ludovico Teixeira foram, ​repetidamente, alvos de suas palavras. A habilidade em oratória e a ​potência de seus discursos, aprofundaram o reconhecimento político ​de Jalles, a difusão de suas ideias e projetos, bem como o a ampliação ​do reconhecimento da força do estado de Goiás.

1948

O ingresso de Jalles Machado na cena política nacional deu a conhecer ​a todo o país o homem que já deixava suas marcas em Goiás. Em seus ​primeiros atos, evidenciou o que seria a sua principal marca, a ​preocupação primordial com o desenvolvimento do país. Esse objetivo ​seria alcançado a partir da ampliação da malha viária, com a ​construção de estradas de rodagem que ligassem as diferentes ​regiões do Brasil. No cenário de modernização vislumbrado por Jalles, ​uma obra ganhou destaque: a abertura de uma rodovia ligando ​Anápolis (GO) a Belém (PA). As diretrizes para a construção da rodovia ​foram dadas, principalmente, a partir da aprovação do projeto ​proposto por ele, que ficou conhecido como Lei Jalles Machado ​nº426/48.

1951

Reeleito como Deputado Federal.

1959

Impulsionada pela aplicação de recursos, a rodovia prontamente foi ​iniciada, recebendo o nome de Belém– Brasília, ainda nos anos de ​1950. Inaugurada em 03 de fevereiro de 1959, a obra ganhou o ​reconhecimento do Presidente Juscelino Kubitscheck, em meio à ​movimentação da construção da nova capital federal. O projeto da ​transferência da capital foi, inclusive, um dos temas defendidos por ​Jalles, tendo em vista as suas crenças na importância da valorização ​do interior do país.

1962

Na eleição que o levou a seu terceiro mandato como Deputado ​Federal (1962), a candidatura de Jalles integrou a Coligação ​Democrática formada pela UDN, pelo Partido social Progressista (PSP) ​e pelo Partido Democrata Cristão (PDC).

1965

O Ato Institucional nº 2, instalado em 1965, após o golpe militar (1964), ​determinou a extinção dos partidos políticos existentes. Com o ​estabelecimento do bipartidarismo, Jalles Machado filiou-se à Aliança ​Renovadora Nacional (ARENA). Enquanto integrante do Congresso ​Nacional, participou de Comissões que debatiam temas relacionados ​à Agricultura e Política Rural; Indústria e Comércio; Minas e Energia; ​Transportes; Comunicações; Obras Públicas; Interiorização da Capital ​Federal; e Valorização Econômica da Amazônia. Cooperou, também, ​com o projeto do atual Estatuto da Terra, junto ao governo do general ​Humberto Alencar Castello Branco (1964– 1967).

1967

Reeleito para o seu quarto e ultimo mandato. Advogado fervoroso de ​suas ideias e projetos, lutou durante seus quatro mandatos como ​Deputado Federal (1946/1951/1963/1967) pelo progresso do país e ​pelo reconhecimento do interior como força motriz do crescimento ​econômico da Nação.

1971

Ao término de seu último mandato, em 1971, Jalles Machado deixou, ​em definitivo, a Câmara dos Deputados e a política. Paralelamente à ​sua atuação como político, suas iniciativas no setor agrário ​resultavam-se extremamente bem-sucedidas, inicialmente na Fazenda ​Itajá e, após sua venda, na Fazenda Jóia, fazendo que a cidade de ​Goianésia também tenha a sua história marcada pela presença ​empreendedora e visionária de Jalles Machado.

1975

Em 25 de julho de 1975, aos 81 anos, Jalles Machado sofreu um ​acidente automobilístico fatal na rodovia que ajudou a construir. ​Deixou uma trajetória marcada por desafios, anseios, realizações e ​lutas pela valorização do ser humano, da terra e do progresso.

A história de Jalles Machado não se encerra no momento de sua ​partida, está viva em seus feitos, na grandeza do Estado de Goiás e na ​família que construiu com Dona Beatriz. Juntos, tiveram quatro filhos: ​Jair, Sylvia, Otávio e Nize, herdeiros, também, dos ideais ​desenvolvimentistas e do impulso criador de Jalles, assim como seus ​netos, que seguem seu legado, fortalecendo a economia e o ​desenvolvimento local. São eles que, carinhosamente, promovem essa ​mostra, evidenciando não só o homem público, mas o marido, o pai e ​o avô afetuoso e presente.

Extras

Conheça mais sobre a Trajetória de Jalles Machado acessando os conteúdos ao lado.